A tireoidectomia total é uma cirurgia realizada para remover completamente a glândula tireoide. A tireoide, localizada na parte anterior do pescoço, é responsável pela produção de hormônios que regulam o metabolismo, a temperatura corporal e o ritmo cardíaco. A tireoidectomia total é indicada em casos de doenças graves da tireoide, como câncer, bócios volumosos que comprimem estruturas adjacentes ou hiperatividade que não responde a tratamentos clínicos.
Realização da Cirurgia de Tireoidectomia Total
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Incisão e Exposição:
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A cirurgia começa com uma incisão transversal na base do pescoço, geralmente em uma prega natural da pele para reduzir a visibilidade da cicatriz. Essa incisão é feita para permitir acesso direto à glândula tireoide.
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Dissecção e Exposição da Tireoide:
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Após a incisão, os músculos que recobrem a tireoide são afastados cuidadosamente. O cirurgião utiliza técnicas de dissecção cuidadosa para evitar danos aos tecidos e aos nervos próximos, como o nervo laríngeo recorrente, que é essencial para a fala.
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Identificação e Preservação dos Nervos Laríngeos Recorrentes:
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Um dos pontos críticos da cirurgia é a identificação e preservação dos nervos laríngeos recorrentes, que passam perto da tireoide e controlam as cordas vocais. A lesão desses nervos pode resultar em rouquidão ou perda da voz, por isso são utilizados dispositivos como o monitor de nervo laríngeo para monitorá-los em tempo real durante o procedimento.
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Remoção da Glândula Tireoide:
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A tireoide é então cuidadosamente removida. O cirurgião pode começar pela retirada de um lobo e depois do outro, ligando os vasos sanguíneos que suprem a tireoide para controlar o sangramento. O bisturi harmônico ou outros dispositivos de corte e coagulação simultâneos são frequentemente usados para facilitar a remoção segura da glândula e reduzir o tempo operatório.
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Preservação das Paratireoides:
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Junto à tireoide, estão as glândulas paratireoides, que regulam o cálcio no organismo. É crucial preservá-las para evitar complicações pós-operatórias, como hipocalcemia. Se uma paratireoide for removida ou danificada, ela pode ser reimplantada em outro local para manter sua função.
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Fechamento da Incisão:
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Após a remoção completa da glândula, a incisão é fechada camada por camada, com suturas que podem ser absorvíveis ou não, e um curativo é aplicado na área.
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Explicação Anatômica da Cirurgia
A tireoide está localizada na parte anterior do pescoço, abraçando a traqueia e composta por dois lobos laterais unidos por uma porção central chamada istmo. Ela é irrigada por uma rede de vasos sanguíneos que incluem as artérias tireoideas superior e inferior. Próximos à tireoide estão os nervos laríngeos recorrentes, que controlam a abertura e o fechamento das cordas vocais. As glândulas paratireoides, geralmente quatro, estão posicionadas na parte posterior da tireoide e são pequenas, mas desempenham papel crucial no metabolismo do cálcio.
Na cirurgia, o cirurgião deve considerar a relação próxima da tireoide com a traqueia, os vasos sanguíneos principais, os nervos laríngeos e as paratireoides. Qualquer lesão nesses nervos ou glândulas pode causar complicações significativas, tornando a precisão na técnica cirúrgica essencial.
Evolução Histórica da Tireoidectomia Total
A tireoidectomia tem uma história longa e complexa. As tentativas de realizar esse procedimento remontam a séculos, mas eram associadas a um alto índice de complicações e mortalidade devido a sangramento, infecções e lesão nervosa. O avanço da técnica ao longo dos anos permitiu que a tireoidectomia se tornasse uma cirurgia segura e eficaz.
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Séculos XVII e XVIII:
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As primeiras tentativas de remover a tireoide eram realizadas sem o conhecimento anatômico adequado ou instrumentos específicos. Essas cirurgias eram extremamente arriscadas, e a taxa de mortalidade era muito alta. Em geral, os médicos evitavam realizar a cirurgia devido à dificuldade em controlar o sangramento e as infecções.
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Séc. XIX: Início do Desenvolvimento da Técnica:
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No século XIX, o cirurgião suíço Theodor Kocher revolucionou a técnica de tireoidectomia. Ele aprimorou a técnica cirúrgica, introduzindo procedimentos mais precisos e seguros. Kocher ganhou o Prêmio Nobel em 1909 por suas contribuições à cirurgia da tireoide, que reduziram drasticamente a mortalidade associada ao procedimento.
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Meados do Séc. XX: Aperfeiçoamento da Técnica e Controle do Sangramento:
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Com o desenvolvimento da anestesia geral, das técnicas de assepsia e do uso de instrumentos cirúrgicos mais avançados, a tireoidectomia tornou-se mais segura. Técnicas de ligadura dos vasos sanguíneos, suturas mais eficazes e uma maior compreensão da anatomia da tireoide e dos nervos laríngeos reduziram ainda mais os riscos.
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Final do Séc. XX: Introdução do Monitoramento de Nervos e do Bisturi Harmônico:
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A partir dos anos 1990, novos dispositivos, como o monitor de nervo laríngeo e o bisturi harmônico, começaram a ser utilizados para aumentar a precisão e a segurança do procedimento. O monitor de nervo laríngeo ajuda a evitar lesões nervosas, enquanto o bisturi harmônico permite dissecar e coagular simultaneamente, reduzindo o tempo operatório e o risco de sangramento.
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Atualmente: Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica:
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A tireoidectomia passou por mais avanços com o desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas e até robóticas, que reduzem a incisão e melhoram a recuperação pós-operatória. A cirurgia endoscópica e assistida por robótica permite a remoção da tireoide com cicatrizes menores e menos invasivas, mantendo a segurança e a eficácia do procedimento.
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Conclusão
Hoje, a tireoidectomia total é um procedimento seguro e amplamente praticado em todo o mundo, com taxas de complicação baixas quando realizada por cirurgiões experientes. A cirurgia evoluiu de uma prática altamente arriscada para um procedimento padronizado e seguro graças a avanços em técnicas cirúrgicas, dispositivos de monitoramento e compreensão anatômica.
O que preparar para a cirurgia de Tireoidectomia Total?






Fotos da cirurgia:
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