

MESA DE CIRURGIA

A mesa de cirurgia em posição de decúbito dorsal horizontal refere-se ao posicionamento do paciente deitado de costas (decúbito dorsal) em uma mesa cirúrgica plana, com o corpo em uma postura horizontal. Este é um dos posicionamentos mais comuns em procedimentos cirúrgicos e é usado em uma ampla variedade de cirurgias, como cirurgias abdominais, cardíacas, urológicas e ginecológicas.
Características da Posição de Decúbito Dorsal Horizontal
Posicionamento do Paciente:
O paciente fica completamente deitado de costas, com a face voltada para cima.
As pernas ficam estendidas e os braços podem ser posicionados ao longo do corpo ou em suportes específicos, de acordo com a necessidade do procedimento cirúrgico.
Apoio e Estabilidade:
A mesa cirúrgica tem acolchoamento adequado para manter o conforto do paciente e evitar pontos de pressão prolongada, que podem levar a lesões na pele ou nos tecidos moles.
Equipamentos como almofadas ou suportes podem ser usados para manter o alinhamento adequado da coluna e articulações.
Uso Comum:
Esse tipo de posicionamento é ideal para cirurgias que exigem acesso ao abdômen, tórax, pelve, e extremidades superiores.
Também é usado em procedimentos diagnósticos, como endoscopias, e em intervenções menos invasivas.
Cuidados Especiais
Proteção das Vias Aéreas: Em pacientes anestesiados, o controle das vias aéreas é crucial. Em decúbito dorsal, o uso de dispositivos como tubo endotraqueal é necessário para garantir uma respiração adequada durante o procedimento.
Prevenção de Lesões por Pressão: Protetores e almofadas devem ser colocados sob as áreas de maior contato (por exemplo, calcanhares, quadris e ombros) para prevenir úlceras por pressão.
Circulação Sanguínea: O tempo prolongado nessa posição pode interferir na circulação, especialmente nas extremidades. Portanto, cuidados com o posicionamento das pernas e braços são essenciais para evitar tromboses ou lesões nos nervos.
Em resumo, a mesa de cirurgia em decúbito dorsal horizontal é um dos posicionamentos mais versáteis e amplamente utilizados nas salas cirúrgicas, oferecendo boa estabilidade ao paciente e amplo acesso para os cirurgiões realizarem diversas intervenções.


APARELHO DE ANESTESIA
O aparelho de anestesia, também conhecido como carro de anestesia, é um dispositivo fundamental em cirurgias que permite aos anestesiologistas administrar e monitorar a anestesia durante o procedimento cirúrgico. Ele garante que o paciente se mantenha inconsciente, insensível à dor, com as funções vitais controladas e ventiladas de forma adequada ao longo da cirurgia.
Princípio de Funcionamento:
O aparelho de anestesia combina a entrega controlada de gases anestésicos com a ventilação mecânica do paciente, garantindo que ele receba uma mistura adequada de oxigênio e agentes anestésicos, além de manter a função respiratória em níveis normais durante a cirurgia.
Seu funcionamento pode ser dividido em várias partes principais:
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Sistema de fornecimento de gás:
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Os aparelhos de anestesia têm fontes de oxigênio (O₂), óxido nitroso (N₂O), e às vezes ar comprimido.
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Esses gases são misturados em concentrações específicas e administrados ao paciente. O anestesiologista ajusta a mistura de gases e o volume de fluxo com base nas necessidades do paciente e do procedimento cirúrgico.
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Vaporizadores:
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O vaporizador é uma parte essencial do aparelho de anestesia, pois é onde o agente anestésico volátil (como sevoflurano, isoflurano, ou desflurano) é convertido de líquido para vapor e adicionado à mistura de gases. O vaporizador garante que o paciente receba a concentração adequada do anestésico inalatório.
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Sistema de ventilação mecânica:
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A ventilação mecânica substitui ou auxilia a respiração do paciente. Em cirurgias sob anestesia geral, o paciente geralmente está paralisado ou não tem controle sobre a própria respiração, então a ventilação mecânica mantém as trocas gasosas (oxigênio e dióxido de carbono).
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A máquina empurra o gás anestésico e oxigênio para os pulmões do paciente, ajustando parâmetros como volume corrente (volume de ar que entra nos pulmões a cada respiração), frequência respiratória e pressão do ar.
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Sistema de monitoramento:
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O carro de anestesia monitora continuamente várias funções vitais do paciente, incluindo a saturação de oxigênio (SpO₂), a pressão arterial, a frequência cardíaca, os níveis de dióxido de carbono (capnografia), e outros parâmetros importantes para garantir a segurança e eficácia da anestesia.
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Sistema de exalação e remoção de gás:
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Quando o paciente exala, o gás anestésico deve ser removido com segurança para evitar que o ambiente cirúrgico seja contaminado com vapores anestésicos. O sistema de remoção de gás garante que o excesso de gases exalados seja expelido de forma segura.
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Tipos de Ventilação no Carro de Anestesia:
Os aparelhos de anestesia têm diferentes modos de ventilação que podem ser usados durante as cirurgias, de acordo com as necessidades do paciente:
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Ventilação Controlada por Volume (VCV):
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A máquina administra um volume fixo de ar/gás a cada respiração. Isso garante que o paciente receba um volume específico de ar, independentemente da pressão necessária para entregar esse volume. É comumente usado quando o controle preciso do volume pulmonar é importante.
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Ventilação Controlada por Pressão (PCV):
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Neste modo, a pressão da via aérea é mantida constante durante a respiração, enquanto o volume de gás pode variar. É útil em situações em que se deseja limitar a pressão nas vias aéreas, como em pacientes com pulmões frágeis ou com risco de barotrauma.
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Ventilação com Pressão Suporte (PSV):
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O aparelho auxilia a respiração espontânea do paciente, dando um "suporte" de pressão para ajudar na inspiração. É frequentemente usado em pacientes em fase de despertar, quando estão começando a respirar por conta própria, mas ainda precisam de um pequeno auxílio.
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Ventilação com Controle Assistido (AC):
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Esse modo permite que o paciente inicie a respiração, mas a máquina completa o ciclo com base nos parâmetros programados. É um meio-termo entre a ventilação totalmente assistida e a respiração espontânea.
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CPAP (Continuous Positive Airway Pressure):
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Mantém uma pressão positiva contínua nas vias aéreas do paciente durante a expiração para evitar o colapso dos alvéolos. Embora mais comum em pacientes fora da sala cirúrgica, pode ser usado em situações específicas.
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Cal Sodada (Soda Lime):
A cal sodada é um composto químico essencial no sistema de anestesia, usado no circuito de respiração do aparelho. Ela tem a função de absorver o dióxido de carbono (CO₂) exalado pelo paciente durante a ventilação mecânica.
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Como Funciona: Quando o paciente exala, o CO₂ produzido pela respiração passa por um filtro contendo cal sodada. A cal reage quimicamente com o CO₂, transformando-o em carbonato de cálcio e água, o que evita a reinalação de CO₂, protegendo o paciente da hipercapnia (acúmulo excessivo de dióxido de carbono no sangue).
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Composição: A cal sodada é composta de hidróxido de sódio (NaOH), hidróxido de cálcio (Ca(OH)₂), e outros compostos. Ela vem em grânulos ou em formato granular para aumentar a superfície de contato, facilitando a absorção do CO₂.
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Importância: A eficiência da cal sodada é crucial para manter o equilíbrio de gases no corpo do paciente, já que a reinalação de dióxido de carbono pode levar a complicações graves, como acidose respiratória.
O capnógrafo é um equipamento médico crucial utilizado em cirurgias e outros contextos clínicos para monitorar a quantidade de dióxido de carbono (CO₂) nos gases expirados pelo paciente. Ele oferece uma avaliação contínua da ventilação e da perfusão pulmonar, auxiliando os anestesiologistas a garantir que o paciente está respirando adequadamente e que o nível de CO₂ no sangue está dentro de limites seguros.
Princípio de Funcionamento:
O capnógrafo mede e exibe a concentração de CO₂ no ar expirado ao longo do tempo. Ele funciona com base no princípio de que o CO₂ absorve luz infravermelha em comprimentos de onda específicos. O dispositivo usa um feixe de luz infravermelha que passa pelo gás exalado; o nível de CO₂ é então calculado com base na quantidade de luz que foi absorvida.
Principais Componentes do Capnógrafo:
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Sensor de CO₂: O sensor detecta a concentração de dióxido de carbono no ar expirado. Ele normalmente fica localizado na via aérea, conectado ao tubo endotraqueal ou à máscara do paciente.
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Monitor de Capnografia: Este é o display onde os dados são visualizados, mostrando tanto valores numéricos (medição do nível de CO₂) quanto uma curva chamada de capnograma, que reflete o padrão da respiração.
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Capnograma: É o gráfico produzido pelo capnógrafo, que exibe o nível de CO₂ ao longo do tempo, geralmente em milímetros de mercúrio (mmHg). Ele tem uma forma característica, com quatro fases:
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Fase I (inspiração): Linha baixa, pois há praticamente ausência de CO₂ no ar inspirado.
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Fase II (expiração inicial): A concentração de CO₂ começa a subir à medida que o ar do espaço morto (vias aéreas) começa a ser expelido.
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Fase III (platô expiratório): Nível mais alto de CO₂, refletindo o ar alveolar rico em dióxido de carbono.
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Fase IV (início da inspiração): O nível de CO₂ cai bruscamente à medida que o paciente inala ar fresco com baixo CO₂.
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Importância e Aplicações Clínicas:
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Avaliação da Ventilação:
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O capnógrafo é fundamental para monitorar a eficácia da ventilação, principalmente em pacientes sob anestesia geral ou ventilação mecânica. Ele ajuda a garantir que o paciente esteja exalando o dióxido de carbono adequadamente, indicando que os pulmões estão funcionando conforme esperado.
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Detecção de Problemas Respiratórios:
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Anomalias no capnograma podem alertar sobre problemas como hipoventilação (respiração inadequada), apneia (ausência de respiração), obstruções na via aérea, ou ventilação excessiva (hiperventilação). Mudanças súbitas no nível de CO₂ podem indicar complicações imediatas, como deslocamento do tubo endotraqueal, bloqueios no circuito de respiração, ou falhas no ventilador.
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Monitoramento da Circulação e Perfusão:
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Além de avaliar a ventilação, o capnógrafo também ajuda a monitorar a perfusão pulmonar. Uma queda abrupta no CO₂ exalado pode ser um sinal de problemas na circulação sanguínea, como embolia pulmonar ou redução do débito cardíaco.
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Confirmar a Intubação Endotraqueal:
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O capnógrafo é utilizado para confirmar rapidamente se o tubo endotraqueal foi corretamente posicionado na traqueia, e não no esôfago, após a intubação. A presença de CO₂ exalado indica que o tubo está na via aérea correta.
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Análise de Ventilação em PCR (Parada Cardiorrespiratória):
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Durante uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP), o capnógrafo pode ser utilizado para monitorar a eficácia das compressões torácicas e determinar o retorno da circulação espontânea. Um aumento súbito no nível de CO₂ exalado pode ser um indicativo precoce de que o coração voltou a bombear sangue.
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Capnografia Mainstream vs. Sidestream:
Existem dois tipos principais de tecnologia de capnografia:
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Mainstream (Direta):
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O sensor de CO₂ é colocado diretamente na via aérea do paciente, entre o tubo endotraqueal e o circuito de ventilação. Essa técnica oferece medições rápidas e precisas do CO₂, mas o sensor pode ser um pouco mais volumoso.
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Sidestream (Desviada):
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Pequenas amostras do gás expirado são aspiradas por um tubo fino para um sensor localizado no aparelho de anestesia. Este método é menos intrusivo, mas pode ter um pequeno atraso na leitura e pode diluir a amostra se o fluxo de aspiração for muito alto.
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Benefícios da Capnografia em Cirurgias:
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Segurança: A capnografia fornece uma maneira não invasiva de monitorar de perto a ventilação e a perfusão, garantindo que o paciente sob anestesia geral mantenha a respiração adequada.
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Monitoramento contínuo: O capnógrafo opera em tempo real, permitindo ajustes imediatos no ventilador ou nos parâmetros de anestesia conforme necessário.
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Diagnóstico precoce de complicações: Anomalias no capnograma podem indicar problemas muito antes de outras mudanças fisiológicas se tornarem aparentes, permitindo uma intervenção rápida.
Valores Normais de Capnografia:
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O nível normal de dióxido de carbono exalado (EtCO₂) está em torno de 35 a 45 mmHg. Valores acima ou abaixo dessa faixa podem indicar problemas como hipoventilação (CO₂ elevado) ou hiperventilação (CO₂ baixo).
O capnógrafo é uma ferramenta essencial no monitoramento respiratório durante cirurgias e cuidados intensivos. Ele permite a detecção precoce de problemas respiratórios e hemodinâmicos, garantindo que os pacientes estejam recebendo a ventilação adequada e proporcionando uma camada adicional de segurança em procedimentos anestésicos.
Em resumo, o aparelho de anestesia é um sistema complexo que desempenha papéis cruciais na administração de anestésicos, ventilação mecânica e monitoramento de funções vitais durante a cirurgia. Ele garante a segurança e o conforto do paciente, enquanto a cal sodada evita a reinalação de dióxido de carbono, mantendo a homeostase respiratória durante a anestesia.

BOMBA DE INFUSÃO

Uma bomba de infusão é um dispositivo médico amplamente utilizado em cirurgias e outras práticas clínicas para administrar medicamentos, fluidos, ou nutrientes de forma controlada e precisa diretamente no paciente. Durante cirurgias, ela é fundamental para manter o controle rigoroso sobre a administração de substâncias, como anestésicos, analgésicos, soluções intravenosas e outras drogas.
Princípio de Funcionamento:
O princípio de funcionamento da bomba de infusão baseia-se em um sistema automatizado que bombeia líquidos, através de um tubo conectado a um cateter ou agulha, de forma contínua ou intermitente. Existem diferentes tipos de bombas de infusão, mas elas compartilham a ideia central de administrar substâncias com taxas de fluxo controladas, que podem variar de mililitros por hora até quantidades mais específicas por minuto ou até por segundo.
As bombas de infusão mais comuns em cirurgias incluem:
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Bombas de infusão volumétrica: regulam a administração de um volume fixo de fluido ao longo de um período determinado. São usadas para infusões de maior volume, como líquidos intravenosos (soluções salinas ou de glicose).
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Bombas de seringa: utilizam uma seringa conectada a um motor controlado para empurrar o êmbolo e administrar medicamentos em pequenas quantidades, de forma muito precisa. Isso é útil em cirurgias quando a precisão da dosagem é crítica, como em anestésicos ou analgésicos potentes.
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Bombas elastoméricas: são bolsas flexíveis que liberam medicamentos quando comprimidas. Embora não sejam as mais comuns em cirurgias, podem ser usadas no pós-operatório para controle de dor.
Infusões Principais nas Cirurgias:
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Anestésicos: Em muitas cirurgias, bombas de infusão são usadas para administrar anestesia contínua ou em bolus (doses rápidas). Isso garante que o paciente se mantenha anestesiado de forma controlada durante todo o procedimento.
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Soluções intravenosas (IV): Líquidos como solução salina (NaCl a 0,9%) ou solução de glicose são comumente usados para hidratação, manutenção do volume sanguíneo e equilíbrio eletrolítico durante cirurgias.
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Analgésicos: Opioides e outros analgésicos, como morfina ou fentanil, podem ser administrados por bombas de infusão para controle da dor tanto durante quanto após a cirurgia.
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Vasopressores e medicamentos cardiovascular: Em cirurgias cardíacas ou em pacientes críticos, drogas como a noradrenalina podem ser administradas por bombas para regular a pressão arterial e função cardíaca.
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Antibióticos: São infundidos durante cirurgias para prevenir infecções, especialmente em cirurgias de grande porte.
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Sedativos: Em alguns procedimentos, é necessário administrar sedativos continuamente para manter o paciente em um estado adequado de relaxamento e conforto.
Vantagens das Bombas de Infusão:
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Precisão e Controle: Permitem uma administração muito precisa, o que é essencial para drogas de ação rápida e potente.
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Segurança: Sistemas de alarme são ativados em casos de bloqueios, fluxo insuficiente ou excesso de infusão.
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Flexibilidade: Permitem ajustes rápidos e precisos de acordo com as necessidades do paciente.
Em resumo, as bombas de infusão são ferramentas essenciais em cirurgias para garantir a administração controlada e precisa de fluidos e medicamentos, assegurando que o paciente receba a dose certa, na hora certa, com grande segurança.


MANTA DE AQUECIMENTO
A manta de aquecimento é um dispositivo utilizado durante cirurgias para manter a temperatura corporal do paciente, evitando a hipotermia causada pela exposição prolongada ao ambiente frio da sala cirúrgica e pela anestesia.
Ela funciona distribuindo calor de maneira uniforme sobre o corpo do paciente, seja por meio de ar aquecido (como nas mantas de ar forçado) ou com elementos elétricos que geram calor controlado. A manta de aquecimento é essencial para preservar a estabilidade térmica, promovendo uma recuperação mais rápida e reduzindo complicações associadas à queda da temperatura corporal durante o procedimento.

ASPIRADOR SECREÇÃO

O aspirador de secreção é um dispositivo essencial utilizado em cirurgias para remover secreções, líquidos, sangue ou outros fluidos que possam se acumular nas vias respiratórias, cavidades corporais ou no campo cirúrgico. O uso do aspirador mantém a área cirúrgica limpa, melhora a visibilidade para os cirurgiões e auxilia na manutenção de uma via aérea livre em pacientes.
Existem dois tipos principais de aspiradores de secreção: aspirador a vácuo (geralmente acoplado a sistemas centrais de vácuo hospitalares) e aspirador elétrico, ambos operando com o mesmo princípio básico de funcionamento, que é a criação de uma pressão negativa (vácuo) para remover os fluidos indesejados.
Princípio de Funcionamento:
O funcionamento básico dos aspiradores de secreção, seja a vácuo ou elétrico, envolve três componentes principais:
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Sistema de geração de vácuo (pressão negativa):
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O aparelho cria uma pressão negativa dentro de um tubo ou cateter, que, ao ser aplicado a uma área com secreções ou fluidos, suga esses materiais para fora. Isso ocorre porque os fluidos se movem de áreas de maior pressão (no corpo) para áreas de menor pressão (dentro do tubo do aspirador).
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Tubo ou cateter de sucção:
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Este é o canal que faz a ligação entre o local da aspiração (campo cirúrgico ou vias respiratórias) e o sistema de coleta do aparelho. O cateter é introduzido na área que requer limpeza, e o vácuo gerado puxa o fluido através do tubo para o recipiente de coleta.
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Recipiente de coleta:
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O fluido aspirado é armazenado em um recipiente de coleta descartável ou reutilizável, que impede a contaminação e permite uma remoção segura do material.
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Aspirador a Vácuo (Central de Vácuo):
Nos hospitais, é comum encontrar sistemas de aspiração a vácuo central, em que a pressão negativa é gerada por um sistema de vácuo centralizado. O aspirador é conectado a esse sistema através de tubos fixos nas paredes das salas cirúrgicas.
Características:
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Vácuo gerado centralmente: O sistema central de vácuo hospitalar fornece a pressão negativa. A regulagem de força é feita diretamente no painel de controle onde o tubo de sucção está conectado.
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Uso típico: Muito usado em procedimentos prolongados e complexos, como cirurgias torácicas, abdominais e cardíacas, onde grandes volumes de líquidos podem ser removidos.
Aspirador Elétrico:
O aspirador elétrico é uma unidade portátil, que gera seu próprio vácuo utilizando uma bomba elétrica de alta potência. É amplamente utilizado em situações em que não há um sistema de vácuo central disponível ou quando é necessário maior mobilidade, como em salas de emergência, centros de saúde menores ou transporte de pacientes.
Características:
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Motor elétrico: Um motor aciona uma bomba de vácuo interna que gera a pressão negativa necessária para a sucção.
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Portabilidade: O aparelho é portátil, podendo ser levado para qualquer local dentro do hospital, e muitos modelos possuem bateria interna para uso em casos de emergência ou transporte.
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Ajuste de vácuo: Os modelos mais modernos têm um controle preciso da intensidade de sucção, permitindo ajustes conforme o tipo de secreção ou fluido a ser removido (ex: sangue, secreções espessas, ou até fluidos corporais delicados).
Aplicações em Cirurgias:
Os aspiradores de secreção são essenciais em uma variedade de cenários cirúrgicos e de procedimentos médicos:
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Remoção de sangue: Durante a cirurgia, o aspirador remove o sangue que pode obscurecer a visão do cirurgião, mantendo o campo cirúrgico visível e limpo.
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Remoção de fluidos corporais: Em cirurgias abdominais ou torácicas, pode haver acúmulo de líquidos (como serosas ou linfa) que precisam ser removidos para evitar complicações.
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Abertura de vias aéreas: No manejo das vias aéreas, especialmente em pacientes entubados, o aspirador é usado para remover secreções acumuladas na traqueia e nos pulmões, evitando obstruções respiratórias.
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Aspiração em emergências: Em situações de emergência (por exemplo, em pacientes inconscientes ou com risco de asfixia por vômito), o aspirador pode ser usado para limpar rapidamente as vias aéreas e permitir que o paciente respire normalmente.
Vantagens e Diferenças:
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Aspirador a Vácuo:
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Vantagens: É mais adequado para grandes volumes de fluido e situações onde uma potência de sucção constante e alta é necessária. Ideal para cirurgias longas.
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Limitações: Depende da instalação de um sistema central de vácuo no hospital, limitando a sua mobilidade.
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Aspirador Elétrico:
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Vantagens: Portabilidade e independência do sistema central de vácuo, sendo muito útil em emergências e em locais sem essa infraestrutura. Tem ajuste de intensidade de sucção e pode ser facilmente movimentado.
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Limitações: Pode ter potência de sucção ligeiramente inferior comparada ao sistema de vácuo central em certos modelos, e precisa ser recarregado ou ligado a uma fonte de energia elétrica.
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Segurança e Considerações:
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Controle de Pressão: A pressão negativa deve ser ajustada de acordo com a necessidade. Para secreções em vias aéreas, uma sucção muito forte pode causar lesões nos tecidos delicados das vias respiratórias, enquanto uma pressão muito fraca pode não remover as secreções de forma eficiente.
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Prevenção de contaminação: Os sistemas de aspiradores devem ter filtros para impedir a passagem de partículas e evitar a contaminação cruzada entre os pacientes.
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Manutenção e Limpeza: É crucial que o sistema de aspiração, especialmente os recipientes de coleta e os tubos, seja limpo e desinfetado adequadamente após cada uso para prevenir infecções.
Em resumo, tanto o aspirador de secreção a vácuo quanto o aspirador elétrico são ferramentas indispensáveis nas cirurgias e em situações de emergência, proporcionando uma maneira eficiente e segura de remover fluidos do corpo e manter o campo cirúrgico ou as vias aéreas limpas e desobstruídas.


BISTURI ELÉTRICO / ELETROCAUTÉRIO
O eletrocautério, também conhecido como bisturi elétrico, é um dispositivo amplamente utilizado em cirurgias para realizar cortes e coagulações de tecidos com o uso de corrente elétrica. Ele permite ao cirurgião cortar tecidos de forma precisa e, ao mesmo tempo, coagular vasos sanguíneos, minimizando o sangramento durante o procedimento. Existem dois tipos principais de eletrocautério: monopolar e bipolar, cada um com características e usos específicos.
Princípio de Funcionamento:
O bisturi elétrico utiliza corrente elétrica de alta frequência para aquecer o tecido biológico, promovendo o corte ou a coagulação. A corrente elétrica gera calor ao passar pelos tecidos, o que vaporiza as células ou causa a coagulação dos vasos sanguíneos. Isso torna o eletrocautério eficaz tanto para dissecação (corte) quanto para controle de sangramento (hemostasia).
Modos de Operação:
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Corte (Dissecação):
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O bisturi elétrico utiliza corrente contínua de alta frequência para vaporizar as células dos tecidos, criando um corte preciso. O calor gerado pela corrente elétrica rompe as células, permitindo a separação do tecido.
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Coagulação:
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No modo de coagulação, o eletrocautério gera calor suficiente para coagular o sangue nos vasos rompidos, promovendo a hemostasia sem cortar o tecido. Isso é particularmente útil para controlar o sangramento durante a cirurgia.
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Eletrocautério Monopolar:
O eletrocautério monopolar é o tipo mais comum. Ele funciona da seguinte forma:
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Princípio: A corrente elétrica passa do eletrodo ativo (bisturi) para o tecido do paciente e retorna ao dispositivo por meio de uma placa de aterramento colocada em contato com a pele do paciente. A corrente elétrica percorre uma grande área do corpo para completar o circuito.
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Aplicações: Usado principalmente para cortar tecidos profundos e realizar coagulação de vasos maiores, devido à sua capacidade de gerar altas temperaturas.
Corte e Coagulação no Monopolar:
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Corte Monopolar: A corrente é altamente concentrada na ponta do bisturi, vaporizando rapidamente os tecidos. O corte pode ser mais profundo e extenso em comparação ao bipolar.
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Coagulação Monopolar: A corrente é ajustada para coagular sem cortar, sendo útil para parar o sangramento de vasos de tamanho médio ou grande.
Cuidados com o Paciente no Monopolar:
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Placa de Aterramento: A placa de retorno é colocada em uma área grande e vascularizada, como a coxa ou nádegas, para garantir a dispersão adequada da corrente e evitar queimaduras. Uma aplicação inadequada pode causar queimaduras na pele.
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Monitoramento do contato da placa: O contato da placa com a pele deve ser contínuo e adequado durante todo o procedimento, pois uma falha de contato pode aumentar o risco de queimaduras.
Eletrocautério Bipolar:
No eletrocautério bipolar, a corrente elétrica flui entre duas pontas do próprio dispositivo, sem passar pelo corpo do paciente. As duas pontas funcionam como um par de pinças, com uma ponta atuando como eletrodo ativo e a outra como retorno.
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Princípio: A corrente flui apenas entre as pontas do instrumento (geralmente pinças), passando pelo tecido entre elas. Não há necessidade de uma placa de aterramento, e o campo de corrente elétrica é muito mais localizado.
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Aplicações: Ideal para procedimentos mais delicados, onde o controle preciso é necessário, como cirurgias neurológicas, otorrinolaringológicas e microcirurgias.
Corte e Coagulação no Bipolar:
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Corte Bipolar: Embora menos comum, alguns dispositivos bipolares também permitem o corte, mas o corte é geralmente menos profundo e mais controlado.
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Coagulação Bipolar: Usado principalmente para coagulação, o bipolar é mais seguro em áreas onde o controle exato da corrente elétrica é essencial, como próximo a nervos ou vasos pequenos.
Cuidados com o Paciente no Bipolar:
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Sem Placa de Aterramento: Como a corrente não passa pelo corpo, o risco de queimaduras fora da área de aplicação é muito menor, e não há necessidade de uma placa de retorno.
Cuidados Especiais com Pacientes com Unhas de Gel, Sobrancelhas Postiças e Outros Acessórios:
Pacientes com unhas de gel, sobrancelhas postiças, cílios postiços, ou outros acessórios que possam conter materiais metálicos ou não-condutores exigem atenção especial durante o uso de eletrocautério. Esses acessórios podem interferir na distribuição da corrente elétrica e aumentar o risco de queimaduras ou outros problemas.
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Unhas de Gel:
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Risco: As unhas de gel podem conter componentes que não dissipam bem o calor, levando a um risco de queimaduras nos dedos ou ao redor das unhas quando o eletrocautério é usado.
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Cuidados: Recomenda-se a remoção das unhas de gel antes da cirurgia para evitar qualquer complicação, especialmente se o eletrocautério monopolar for utilizado.
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Sobrancelhas e Cílios Postiços:
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Risco: Muitos cílios ou sobrancelhas postiços contêm adesivos com componentes metálicos ou condutores que podem aquecer durante o uso do eletrocautério, causando queimaduras na região dos olhos ou face.
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Cuidados: Assim como as unhas de gel, é preferível que os cílios e sobrancelhas postiços sejam removidos antes do procedimento. Isso evita qualquer risco de dano térmico à pele ou aos olhos.
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Acessórios Metálicos ou Adesivos:
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Risco: Qualquer material metálico ou adesivo condutor pode se aquecer em contato com a corrente elétrica, mesmo que esteja distante da área cirúrgica.
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Cuidados: O paciente deve ser informado para remover piercings, joias, e outros acessórios metálicos antes da cirurgia. Além disso, áreas onde adesivos ou fitas são aplicados devem ser inspecionadas para evitar que o calor se concentre nesses pontos.
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Outros Cuidados Gerais com o Uso do Eletrocautério:
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Evitar o uso próximo a dispositivos eletrônicos implantáveis: Pacientes com marcapassos ou desfibriladores implantáveis precisam de monitoramento adicional, pois a corrente elétrica do eletrocautério, especialmente o monopolar, pode interferir no funcionamento desses dispositivos.
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Isolamento de pele e tecidos: A pele do paciente deve estar seca e isolada de superfícies condutoras. Isso reduz o risco de queimaduras e garante que a corrente elétrica flua adequadamente.
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Verificação de contato da placa de aterramento (no monopolar): Sempre monitorar o contato adequado da placa de retorno para evitar queimaduras em áreas não intencionais.
Resumo:
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Eletrocautério Monopolar: Corrente passa pelo corpo do paciente, requer placa de aterramento, usado para cortes profundos e coagulação em grandes áreas.
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Eletrocautério Bipolar: Corrente restrita entre as pontas do instrumento, sem necessidade de placa de aterramento, ideal para coagulação precisa em áreas delicadas.
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Cuidados com acessórios: Pacientes com unhas de gel, sobrancelhas postiças e outros materiais não condutores/metálicos devem remover esses itens para prevenir riscos de queimadura ou interferência no procedimento.
Esses cuidados são fundamentais para garantir a segurança do paciente durante cirurgias que utilizam eletrocautério.

ÍNDICE BISPECTRAL (BIS)

Índice Bispectral (BIS) na Anestesia em Cirurgias: Descrição e Montagem
O Índice Bispectral (BIS) é uma ferramenta avançada utilizada na prática anestésica para monitorar o nível de consciência e a profundidade da anestesia em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos. Desenvolvido para melhorar a segurança e a eficácia da anestesia, o BIS fornece uma medida quantitativa do estado de sedação e consciência do paciente, auxiliando os anestesiologistas na administração adequada de agentes anestésicos.
O Que é o Índice Bispectral (BIS)?
O Índice Bispectral é um parâmetro numérico que varia de 0 a 100, representando o nível de consciência do paciente:
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0: Indica ausência completa de atividade elétrica cerebral (estado de morte cerebral).
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40-60: Faixa recomendada para manutenção da anestesia geral, correspondente a um estado de inconsciência adequado para procedimentos cirúrgicos.
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80-100: Indica vigília total, onde o paciente está completamente consciente.
O BIS é calculado a partir de sinais de eletroencefalografia (EEG) processados por algoritmos específicos que analisam a atividade cerebral em tempo real.
Importância do BIS na Anestesia
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Prevenção de Subanestesia e Sobredosagem:
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Subanestesia: Risco de despertar do paciente durante a cirurgia, causando movimentos involuntários e aumentando o risco de complicações.
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Sobredosagem: Administração excessiva de anestésicos, levando a hipotensão, depressão respiratória e prolongamento do tempo de recuperação.
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Otimização do Uso de Anestésicos:
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Permite a administração personalizada de anestésicos, ajustando a dosagem conforme a resposta do paciente, o que pode reduzir o uso total de medicamentos e minimizar efeitos colaterais.
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Melhoria na Recuperação Pós-Operatória:
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Monitoramento preciso contribui para uma recuperação mais rápida e menos incidência de náuseas e vômitos pós-operatórios.
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Como o Índice Bispectral (BIS) é Montado na Cirurgia
A montagem e o uso do monitor de BIS em uma sala de cirurgia envolvem várias etapas para garantir a precisão e a eficácia do monitoramento. A seguir, descrevemos como o BIS é instalado e operado durante procedimentos cirúrgicos:
1. Preparação do Equipamento
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Monitor BIS: Dispositivo eletrônico que processa os sinais de EEG e exibe o índice BIS em tempo real.
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Eletrodos de EEG: Utilizados para captar a atividade elétrica cerebral. Geralmente, são utilizados um conjunto de eletrodos padrão colocados no couro cabeludo do paciente.
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Fios e Conectores: Para conectar os eletrodos ao monitor BIS.
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Fonte de Alimentação: Garantir que o monitor esteja devidamente conectado à energia elétrica ou que possua bateria suficiente para o procedimento.
2. Posicionamento dos Eletrodos
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Localização dos Eletrodos: Normalmente, os eletrodos são posicionados nas regiões frontais do couro cabeludo, seguindo o padrão 10-20 do EEG. Os pontos mais comuns são:
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Frontal (Fz)
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Temporal (T5 e T6)
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Fixação dos Eletrodos: Os eletrodos podem ser fixados com gel condutor, fita adesiva ou capuzes especiais para garantir boa condução dos sinais elétricos e evitar deslocamentos durante a cirurgia.
3. Conexão ao Monitor BIS
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Ligação dos Eletrodos: Conectar os fios dos eletrodos às entradas correspondentes no monitor BIS, garantindo que cada eletrodo esteja corretamente identificado e conectado.
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Calibração Inicial: Alguns monitores BIS exigem uma calibração inicial para ajustar a sensibilidade e garantir a precisão das leituras.
4. Monitoramento Durante a Cirurgia
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Visualização do Índice BIS: O anestesiologista monitora continuamente o valor do BIS no display do monitor, ajustando a administração de anestésicos conforme necessário para manter o paciente dentro da faixa desejada (40-60).
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Interpretação dos Dados: Além do índice BIS, o monitor pode exibir outras informações, como tendências de atividade cerebral e alertas de valores fora do intervalo esperado.
5. Manutenção e Desmonte Pós-Cirurgia
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Remoção dos Eletrodos: Após o término do procedimento, os eletrodos são cuidadosamente removidos do couro cabeludo do paciente.
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Limpeza dos Eletrodos: Se forem reutilizáveis, os eletrodos devem ser devidamente limpos e esterilizados conforme as diretrizes do fabricante.
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Desligamento do Monitor: Desconectar o monitor BIS e armazená-lo adequadamente para uso futuro.
Principais Medicações Utilizadas em Anestesia Monitorada com BIS
Embora o BIS não determine diretamente as medicações a serem utilizadas, ele auxilia na titulação adequada dos agentes anestésicos. As principais classes de medicamentos utilizadas na anestesia geral monitorada com BIS incluem:
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Benzodiazepínicos:
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Midazolam: Utilizado para indução e manutenção da sedação.
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Agentes Hipnóticos:
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Propofol: Popular para indução e manutenção rápida da anestesia, permitindo ajustes precisos com base no BIS.
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Etomidato: Alternativa ao propofol, especialmente em pacientes com instabilidade hemodinâmica.
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Opioides:
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Fentanil: Potente analgésico utilizado para controle da dor intraoperatória.
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Remifentanil: Opioide de ação ultrarrápida, permitindo ajustes finos conforme a necessidade.
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Agentes Inalatórios:
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Sevoflurano, Isoflurano e Desflurano: Utilizados para manutenção da anestesia com fácil ajuste da profundidade anestésica, monitorada pelo BIS.
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Cuidados Contra Infecções no Uso do Índice Bispectral (BIS)
Embora o BIS em si não esteja diretamente relacionado ao risco de infecção, a montagem e o uso dos eletrodos de EEG envolvem procedimentos invasivos superficiais que podem introduzir patógenos. Portanto, é essencial seguir rigorosas práticas de controle de infecção:
1. Técnica Asséptica na Aplicação dos Eletrodos
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Higienização das Mãos: Todo o pessoal envolvido deve realizar a lavagem das mãos com sabão e água ou utilizar antissépticos à base de álcool antes de manusear os eletrodos.
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Uso de Luvas Estéreis: Utilizar luvas estéreis durante a aplicação dos eletrodos para evitar a contaminação.
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Limpeza da Pele: A área do couro cabeludo onde os eletrodos serão aplicados deve ser limpa e desinfetada com soluções antissépticas, como clorexidina ou álcool iodado.
2. Uso de Eletrodos Descartáveis ou Esterilizados
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Eletrodos Descartáveis: Sempre que possível, utilizar eletrodos descartáveis para minimizar o risco de contaminação cruzada entre pacientes.
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Eletrodos Reutilizáveis: Se eletrodos reutilizáveis forem utilizados, devem ser adequadamente esterilizados entre os usos conforme as diretrizes do fabricante e protocolos hospitalares.
3. Manutenção da Assepsia Durante o Procedimento
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Evitar Contato Direto com a Pele: Garantir que os fios e conectores não toquem diretamente na pele ou em superfícies não estéreis durante a montagem e o monitoramento.
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Proteção dos Eletrodos: Utilizar barreiras estéreis (como campos ou coberturas) sobre os eletrodos após a aplicação para proteger contra contaminações.
4. Cuidados Pós-Procedimento
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Remoção Adequada dos Eletrodos: Retirar os eletrodos com cuidado para evitar lesões na pele e exposição a possíveis fontes de infecção.
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Monitoramento de Sinais de Infecção: Observar o local de aplicação dos eletrodos para sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço, dor ou secreção. Em caso de suspeita de infecção, seguir os protocolos clínicos para tratamento adequado.
5. Treinamento e Protocolos
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Treinamento da Equipe: Garantir que todos os profissionais de saúde envolvidos no uso do BIS estejam treinados nas técnicas de aplicação asséptica e no manuseio correto dos equipamentos.
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Protocolos de Limpeza e Esterilização: Seguir rigorosamente os protocolos hospitalares para limpeza, esterilização e descarte de equipamentos utilizados no monitoramento do BIS.
Conclusão
O Índice Bispectral (BIS) é uma ferramenta valiosa na anestesia moderna, permitindo um monitoramento preciso da profundidade anestésica e contribuindo para a segurança e eficácia dos procedimentos cirúrgicos. A correta montagem e utilização do BIS, aliadas a rigorosas práticas de controle de infecção, garantem que os pacientes recebam uma anestesia adequada, minimizando riscos e promovendo melhores resultados cirúrgicos. A integração do BIS na prática anestésica representa um avanço significativo na personalização e otimização do cuidado perioperatório.


Bisturi Harmônico
O bisturi harmônico é um dispositivo cirúrgico utilizado em cirurgias de tireoidectomia total e em outros procedimentos que requerem corte e coagulação precisos de tecidos. Ao contrário dos bisturis tradicionais que utilizam calor elétrico, o bisturi harmônico usa energia ultrassônica para realizar corte e coagulação de forma simultânea. Isso o torna particularmente útil em cirurgias da tireoide, onde o controle do sangramento e a proteção de tecidos delicados, como os nervos laríngeos, são fundamentais.
Funcionamento do Bisturi Harmônico em Cirurgia de Tireoidectomia
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Vibrações Ultrassônicas: O bisturi harmônico possui uma lâmina que vibra a uma frequência ultrassônica (cerca de 55.000 a 60.000 vezes por segundo). Essa vibração gera calor controlado por fricção, que permite o corte e a coagulação do tecido ao mesmo tempo.
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Desidratação e Coagulação do Tecido: Ao vibrar, a lâmina desidrata e coagula as proteínas do tecido, levando ao corte enquanto selam vasos sanguíneos de até 5 mm de diâmetro. Isso ocorre em uma temperatura mais baixa que o bisturi elétrico, geralmente abaixo de 100°C, o que reduz o risco de queimadura nos tecidos próximos.
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Menor Risco de Lesão Térmica: O calor gerado pelo bisturi harmônico é significativamente menor que o de um eletrocautério, tornando-o mais seguro para estruturas sensíveis, como os nervos e músculos ao redor da tireoide.
Utilização do Bisturi Harmônico em Sala Cirúrgica
Em uma tireoidectomia, o bisturi harmônico é usado para dissecar a glândula tireoide, ao mesmo tempo em que controla o sangramento. Abaixo está o processo geral de uso do bisturi harmônico em sala cirúrgica:
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Configuração e Teste Inicial:
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O bisturi harmônico é conectado à sua unidade de controle e à lâmina cirúrgica (ou tesoura de coagulação).
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Antes do início da cirurgia, é feito um teste para verificar a potência e a intensidade do aparelho, garantindo que ele esteja funcionando corretamente.
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Posicionamento e Corte da Glândula Tireoide:
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Durante a dissecção da tireoide, o cirurgião usa o bisturi harmônico para separar a glândula dos tecidos circundantes. A vibração ultrassônica permite cortar os tecidos e coagular simultaneamente, evitando o sangramento excessivo.
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O bisturi harmônico é especialmente útil para a ligadura de vasos pequenos e médios, já que permite a secção dos mesmos sem necessidade de pinças adicionais ou pontos de sutura.
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Utilização da Tesoura de Coagulação:
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A tesoura de coagulação é um acessório do bisturi harmônico que corta e sela pequenos vasos de maneira ainda mais precisa. Esse acessório é utilizado em locais mais delicados, especialmente perto dos nervos laríngeos e da traqueia, onde o controle do sangramento e a preservação do tecido são essenciais.
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A tesoura de coagulação permite movimentos mais precisos e eficazes para separar e selar vasos, o que facilita a visualização do campo cirúrgico e torna o procedimento mais seguro.
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Controle de Sangramento:
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Como a tireoide é uma glândula muito vascularizada, o bisturi harmônico oferece a vantagem de reduzir o tempo cirúrgico ao eliminar a necessidade de sutura de pequenos vasos. Isso reduz a perda de sangue e evita que o campo cirúrgico fique obstruído por sangramento.
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No final da dissecção, o bisturi é utilizado para revisar a hemostasia e garantir que todos os vasos estão selados, minimizando o risco de hemorragias no pós-operatório.
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Benefícios do Uso do Bisturi Harmônico e da Tesoura de Coagulação
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Eficiência e Redução do Tempo Cirúrgico: O bisturi harmônico possibilita a dissecção e coagulação simultâneas, o que reduz o tempo de cirurgia e melhora a eficiência.
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Menor Risco de Complicações: Com menor geração de calor, o bisturi harmônico reduz o risco de lesões térmicas nos tecidos próximos, especialmente nos nervos laríngeos e estruturas adjacentes à tireoide.
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Hemostasia Mais Segura: A tesoura de coagulação garante que pequenos vasos sejam cauterizados e selados rapidamente, mantendo o campo cirúrgico limpo e facilitando o trabalho do cirurgião.
O uso do bisturi harmônico e sua tesoura de coagulação na tireoidectomia total traz precisão e segurança, proporcionando uma técnica avançada e segura para o paciente, com menores chances de complicações pós-operatórias, como sangramento e lesão de nervos.

Monitor de Nervo Laríngeo Recorrente

O aparelho de monitorização e estimulação de nervo em cirurgias de tireoidectomia total, comumente conhecido como monitor de nervo laríngeo recorrente (NIM - Nerve Integrity Monitor), é um dispositivo usado para ajudar a proteger e preservar a integridade dos nervos laríngeos durante a cirurgia de remoção da tireoide. Esses nervos são responsáveis pelo movimento das cordas vocais e pela função da voz, e qualquer dano a eles pode resultar em rouquidão, dificuldade para falar e até problemas respiratórios graves.
Funcionamento do Aparelho de Estimulação de Nervo
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Estimulação Elétrica: O monitor NIM é equipado com uma sonda que emite uma leve estimulação elétrica. Durante a cirurgia, essa sonda é usada para estimular os nervos laríngeos recorrentes e o nervo laríngeo superior em momentos específicos, de acordo com o avanço da cirurgia. A estimulação elétrica é de baixa intensidade e segura, sendo feita de forma intermitente para avaliar se o nervo está funcionando adequadamente.
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Monitorização da Resposta Muscular: Ao estimular os nervos, o aparelho mede a resposta dos músculos da laringe. Eletrodos são colocados próximos às cordas vocais do paciente (geralmente embutidos no tubo endotraqueal) e registram a resposta dos músculos da laringe. Se o nervo estiver íntegro, a estimulação gerará uma resposta muscular, que o monitor registrará como um sinal sonoro ou visual.
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Feedback Imediato para o Cirurgião: Esse feedback imediato permite ao cirurgião saber se o nervo está intacto. Durante a dissecção, se o cirurgião aproxima-se demais do nervo ou o manipula, o aparelho alerta com uma mudança nos sinais. Assim, o cirurgião pode ajustar a técnica para evitar lesão nervosa.
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Verificação Final: Antes de concluir a cirurgia, é comum que o cirurgião faça uma última verificação dos nervos para assegurar que continuam funcionando corretamente, reduzindo as chances de lesão permanente.
Importância do Monitor de Nervo
Esse dispositivo reduz o risco de complicações pós-operatórias relacionadas à voz e respiração, proporcionando uma cirurgia mais segura.
O uso do monitor de nervo laríngeo recorrente (NIM) em uma cirurgia de tireoidectomia segue uma série de etapas cuidadosas e coordenadas na sala cirúrgica. Abaixo estão descritos os passos principais:
1. Preparação do Paciente e Colocação dos Eletrodos
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Intubação: O paciente é intubado com um tubo endotraqueal especial que possui eletrodos integrados. Esses eletrodos são posicionados para entrar em contato com as cordas vocais, permitindo que captem a atividade elétrica dos músculos laríngeos em resposta à estimulação nervosa.
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Posicionamento: Após a intubação, o paciente é posicionado com o pescoço levemente estendido para facilitar o acesso à glândula tireoide.
2. Configuração do Monitor de Nervo
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Conexão dos Eletrodos: Os eletrodos no tubo endotraqueal são conectados ao monitor NIM, que ficará em um local de fácil visualização pelo cirurgião e pela equipe. Esse monitor é responsável por exibir e processar as respostas musculares captadas.
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Teste Inicial de Funcionamento: Antes de iniciar a cirurgia, o anestesista ou a equipe de monitorização realiza um teste de calibração para garantir que os eletrodos e o monitor estão funcionando corretamente. Esse teste inicial confirma se o monitor está detectando sinais musculares e se o posicionamento do tubo endotraqueal é adequado.
3. Estimulação do Nervo durante a Cirurgia
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Identificação e Estimulação do Nervo: Durante a dissecção da glândula tireoide, o cirurgião utiliza uma sonda de estimulação que emite pulsos elétricos de baixa intensidade próximos ao nervo laríngeo recorrente e ao nervo laríngeo superior, para localizá-los.
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Resposta Muscular: A estimulação do nervo provoca uma resposta muscular, que é captada pelos eletrodos nas cordas vocais e exibida no monitor na forma de sinais visuais e/ou auditivos (como bipes ou gráficos no monitor). Um nervo íntegro gera uma resposta muscular que confirma que ele está preservado.
4. Monitorização Contínua
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Ao longo da cirurgia, o monitor de nervo é usado continuamente para avaliar o nervo laríngeo recorrente, especialmente durante manipulações delicadas. Se o nervo for estimulado, a ausência de resposta indica um potencial dano ou que o nervo foi lesionado, sinalizando a necessidade de ajuste imediato na técnica cirúrgica.
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Em alguns casos, o cirurgião pode usar a estimulação para garantir a integridade do nervo em diferentes etapas da cirurgia, como após a remoção parcial da glândula.
5. Verificação Final
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No final da cirurgia, o cirurgião realiza uma última estimulação nos nervos laríngeos para confirmar sua integridade antes de encerrar o procedimento. Essa etapa final ajuda a assegurar que os nervos não sofreram dano permanente e que o paciente terá menores chances de complicações vocais no pós-operatório.
Benefícios do Procedimento
O uso do monitor de nervo laríngeo recorrente reduz significativamente as chances de lesão permanente, o que pode resultar em rouquidão, perda da voz ou dificuldade respiratória. Além disso, permite que o cirurgião trabalhe com mais segurança e confiança, proporcionando um melhor resultado para o paciente.
O procedimento requer coordenação entre anestesista, cirurgião e equipe para garantir que o monitor esteja bem posicionado e funcionando corretamente durante toda a cirurgia.